quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Porque o cinema atual não vende mais filmes como antigamente?

Antônio Almeida

Me interesso profundamente pelo cinema antigo e principalmente por filmes que já ficaram esquecidos. Ás vezes tenho um trabalho imenso para baixá-los mais compensa pois muito do que era utilizado naquela época, de pouca tecnologia e extrema criatividade, se vê muito pouco nos filmes atuais.

Demorei cerca de 5 dias para baixar Inferno do diretor Dário Argento. O filme dispensa comentários. Não possui nenhum tipo de efeitos especial e o grande diferencial dele é a construção da narrativa. A história mostra ruas escuras e mansões abandonadas em que se esconde um assassino que mata a todos inclusive alguns dos personagens principais. Nos primeiros 40 minutos, o espectador não consegue compreender a história, de maneira clara, sendo atraído principalmente pelo ambiente escuro e tenebroso de locais que praticam bruxaria em imóveis velhos e pouco habitados. Em uma das cenas, uma jovem garota entra em uma biblioteca abandonada procurando um livro e logo depois é assassinada pelo personagem misterioso.

Personagens estranhos como uma bruxa loira, de olhos enigmáticos, sempre aparecem e ninguém consegue saber muitas informações sobre eles. A musicalidade é impressionante com tons extremamente graves remetindo a sucessos antigos de músicas de ópera trazendo o espectador a um ambiente tenebroso. Confesso-lhes que pra um filme de duas horas e meia para mim passou muito rápido. O final do filme também surpreende muito mas, não vou contar pois perde a graça.

Comparar “Inferno” com filmes da atualidade como “Premonição 5” é um soco no estômago mas, isso talvez explique porque o cinema atual não consegue mais vender filmes como antigamente. Não foi só a pirataria que diminuiu o lucro do cinema mundial. As histórias são repetitivas, pobres, com pouca criatividade e ás vezes até copiam dos filmes mais antigos. Acreditei que nesta seqüência de “Premonição 5”, fosse pelo menos ser desvendado porque as mortes aconteciam e que haveria uma história diferente, que conseguisse costurar a sequência, descobrindo-se, por exemplo, que poderia haver um pouco de bruxaria ou a morte poderia aparecer como um personagem macabro indestrutível.

Infelizmente Premonição 5 não tem nada de novo. Um jovem consegue escapar de um acidente automobilístico e logo depois as pessoas que ele salvou começam a morrer em sequência. Me deparei com uma repetição da primeira, segunda, terceira e quarta seqüência e vi relatos que irão fazer uma sexta seqüência. O filme não tem condição de seguir adiante pois não tem evoluído em nada nas últimas seqüências, diferente das franquias “Jogos Mortais” e “O Albergue” e que na minha opinião são raras exceções, que ainda conseguem seguir uma boa linha de raciocínio e instigar o telespectador.

Infelizmente o cinema não sobrevive apenas com exceções. Quem assistiu as seqüências antiqüíssimas de CreepShow ou os filmes selecionados pelo extinto Cine Trash, que passava na Rede Bandeirantes, sabe que não havia nesses filmes nenhum tipo de tecnologia sofisticada mais as histórias eram boas e as narrativas bem construídas.

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