Antônio Almeida
Li, há cerca de dois anos atrás, um livro que eu considero fantástico chamado “Cala a boca calabar” do professor de comunicação da Ufba (Universidade Federal da Bahia) Fernando Conceição. Esse livro fala da história de uma favela praticamente desconhecida para todo o Brasil e quem sabe até na cidade de Salvador, para algumas pessoas.
O Calabar fica situado no meio de pontos nobres da cidade: a Barra e o Apipema. No livro, que com muita sorte encontrei em um sebo, a história mostra quantas vezes os moradores resistiram bravamente a todos os tipos de opressão e planos maquiavélicos para acabar com a favela pois naquela época, final da década de 70, existia um interesse enorme para que aquela área “fosse limpa” e incorporada a parte nobre da cidade. “
E o que isso tem haver com filmes? Indiretamente tudo! Trazendo a discussão para o mundo virtual, hoje, venho percebendo que diversos blogs na internet como o www.cinecombo.blogspot.com e www.torrent-upforeverturbo2009.blogspot.com ,de forma bastante insistente, tem sido apagados por órgãos de defesa do direito autoral por hospedar torrents de filmes de todo o tipo. Pra quem não sabe torrents são arquivos que é possível baixar filmes , com um programa próprio, através de servidores.
O mais interessante de perceber é que, como as casas nas favelas derrubadas, eles logo depois são reconstruídos aos poucos, e com exercício de cooperação, com muita dificuldade, as postagens são colocadas novamente e eles voltam a existir com domínios diferentes. O torrent-up, por exemplo, agora se chama http://www.tup-cine.blogspot.com. Quanto ao cinecombo ainda não foi criado um novo domínio.
Até quando vamos ter que pagar caro para ter acesso a cultura? Sou amplamente contra a pirataria e condeno quem compre esse tipo de DVD no camelô pois é crime e está tipificado no código penal. Por outro lado, no meu ponto de vista, aquele que assiste o filme em casa, baixado da internet, sem comprá-lo na rua, não está cometendo nenhum tipo de crime pois não fere o direito autoral já que não está vendendo a obra ilegalmente e logo não está obtendo ganho financeiro com isso.
Para ampliar a discussão aí vai a sugestão de um documentário, discutindo a pirataria, , a favor do download de filmes na internet, que passou praticamente em branco, por motivos óbvios, na divulgação da mídia.
Assistam Steal This Film II (2007) e tirem suas próprias conclusões.