sábado, 2 de janeiro de 2010

Reflexão: PARTE II

MOCINHO OU VILÃO? NEM UM NEM OUTRO.

* Antônio Almeida

Nessa postagem iremos aprender a desconstruir personagens bons e ruins. Na primeira reflexão vocês viram que a policial Anna mata o serial killer Alfredo. Aparentemente ela, na cena, é uma policial indefesa que pode ter cometido o crime por impulso ou em legítima defesa porém, não é o que o final do filme mostrará no trecho abaixo. Após matar o seu algoz, Anna comete diversos outros crimes matando pessoas inocentes como seu namorado Marie, seu médico e o policial que a ajudava e isso teoricamente a coloca também como um personagem ruim ou até pior que o serial killer. E agora? Anna é a heroína que apenas se defendeu ou também se tornou uma assassina?.

O meu objetivo ao colocar a primeira postagem separada da segunda era mostrar o quanto é difícil, na maioria das vezes, sabermos, em tramas de ficção, quais são os personagens bons ou ruins, principalmente se isso não for explicitado propositalmente.

Caso o autor do filme tivesse tido a idéia de colocar Anna realmente como uma policial que apenas se defendeu de um psicopata lunático ou até mesmo eu não revelasse o resto do filme vocês jamais teriam uma noção clara de quem eram os personagens bons e ruins mesmo sabendo que Anna também cometeu um crime, afinal ela matou um suspeito que já não tinha condições de se defender. Ela iria ser sempre a policial boazinha indefesa que lutou bravamente contra o vilão cruel.

Quase sempre, principalmente nos gêneros de aventura, ação ou suspense ou há o personagem que é o herói bonzinho ou o vilão cruel. Dificilmente acontece de se misturar as coisas, exceto nos gêneros de drama que, em algumas vezes, há misturas de personalidade sim. Vocês lembram dos filmes de Arnold Schwarzenegger? Alguém teve coragem de contestar se aquele personagem que sempre carregava uma arma, mesmo em prol de defender a humanidade, não poderia ser também um vilão e estar incitando a violência?


NÃO CONFIE EM MOCINHOS E VILÕES!


As inversões de dualidade podem acontecer tanto transformando o personagem que não é totalmente ruim em um cruel vilão como o assassino sanguinário em um mocinho não tão ruim como parece. No filme Hitman, por exemplo, o personagem é um assassino que mata diversas pessoas mais é enquadrado como o herói da história. Em Bangcock Dangerous o personagem principal é um assassino vendedor de drogas que é transformado em mocinho. Já em quase todos os filmes de suspense o vilão da história é somente mal, cruel e perverso ao extremo. Mais será que é mesmo? Na postagem do mês passado http://resenhamacabra.blogspot.com/2009/11/reflexao-sobre-imagem.html desafiei vocês a refletirem a cerca das ações do personagem Jason, considerado um dos mais cruéis do cinema mundial. Não seria ao invés de um cruel serial killer um doente psicopata? Por motivos óbvios o filme jamais mostraria esse lado.

Para tentar explicar, da maneira mais clara possível, como isso acontece pode-se inclusive recorrer a televisão brasileira. Um dos mais recentes tipos de exemplo de como se pode inverter a ordem das personalidades para persuadir o telespectador está na novela “Poder Paralelo” da Rede Record. Tecnicamente o telespectador tem como impressão que o mafioso Tony Castellamare é o mocinho da história e que o traficante Bruno Villar é o bandido acontece que Tony também é um mafioso e participa de um grupo criminoso como Bruno.

A diferença é que na novela só é mostrado ao telespectador as qualidades boas do Tony isolando o seu lado mal, o transformando em um “super herói”. É notável que para manter o status de riqueza o seu dinheiro vem de atos ilícitos, mesmo que isso não seja mostrado na novela. Quando o personagem Tony se junta a criminosos, de acordo com o código penal, ele poderia ser preso por associação ao crime, mesmo que não estivesse cometendo nenhum tipo de crueldade, ou, ao carregar uma arma ele também está cometendo um crime já que não tem porte. Já o lado ruim do Bruno Villar é escancarado como vendedor de drogas, manipulador e violento escondendo totalmente qualquer resquício de seu lado bom.

Será mesmo verdade? Embora os outros personagens também cometam crimes, a novela sempre vai passar a impressão de que estes por serem bons estão sempre corretos, maquiando com certeza qualquer qualidade negativa deles e quanto aos carrascos estes só cometem crueldades.


ENTENDA COMO FUNCIONA O TRUQUE


Sabe-se que esse truque é propiciado por uma técnica do jornalismo chamada de enquadramento. Toda vez que um filme, novela ou seja lá o que for quiser transformar um personagem em bom ou mal quase sempre ele irá esconder todas as qualidades boas ou ruins mostrando apenas um dos lados causando uma dualidade proposital. EX: arrogante, violento e ganancioso ou bom, calmo, inteligente, vaidoso etc...

Agora toda vez que vocês virem algo parecido com isso procurem sempre se contestar qual a verdadeira personalidade justa para ser atribuida ao personagem porque ele pode estar escancaradamente sendo manipulado para ser bom ou mal. Ao fazer isso fica fácil ter conclusões bem interessantes que propositalmente nunca aparecerão na história. Tecnicamente, fora da ficção, é sabido que não existe ninguém apenas bom ou ruim. Lembremos que a técnica de enquadramento não é só utilizada em casos de ficção mais aí já é uma discussão para outro post.

Prometo que essa discussão seguirá adiante.

* Antônio Almeida atualmente cursa jornalismo na Faculdade Dois de Julho no 6ª semestre

Um comentário:

  1. nao deu pra ler tudo...mas o q li curti
    continua ae!

    http://matouafamiliaepostounoblog.blogspot.com

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